Com a implementação da automação de forma transversal aos diferentes setores profissionais, é inevitável o desaparecimento de alguns postos de trabalho.
A automação é um dos princípios básicos do lean: produzir mais com menos. É expectável que seja implementada transversalmente à sociedade, mas que consequências terá para o trabalho, tal como hoje o conhecemos?
COMO IRÁ A AUTOMAÇÃO AFETAR OS POSTOS DE TRABALHO?
A automatização de processos irá transformar a forma como trabalhamos na mesma escala que a Revolução Industrial o fez, no século XIX. Tal como nesse período da História, teme-se que a nova revolução tecnológica elimine um conjunto significativo de postos de trabalho; no entanto, acredita-se que muitas outras áreas de atividade (e postos de trabalho associados) serão criadas, ou apenas modificadas. Os empregos do futuro usarão competências diferentes. Neste artigo abordamos a questão de como podemos preparar os trabalhadores para o novo mundo do trabalho e o que essas mudanças podem significar para o trabalho propriamente dito e para os salários em concreto.
O QUE É QUE JÁ SABEMOS QUE A AUTOMAÇÃO NOS RESERVA?
Máquinas industriais e carros que se conduzem sozinhos, aparelhos de resposta automática a consultas de atendimento ao cliente, estabelecimentos comerciais com zero funcionários e em que os clientes entram, escolhem os produtos e saem, são manifestações de novas e poderosas formas de automação que, em incontáveis situações, irão representar poupança de tempo para os prestadores e compradores dos serviços.
No entanto, mesmo que estas tecnologias aumentem a produtividade e melhorem nossas vidas, o seu uso substituirá algumas atividades profissionais que os humanos realizam atualmente, implicando, para quem perde o trabalho, a perda de rendimentos.
A AUTOMAÇÃO IRÁ SUBSTITUIR POR COMPLETO A MÃO HUMANA OU VAI SER APENAS UMA FERRAMENTA AO SEU SERVIÇO?
É difícil responder com toda a certeza, mas há quem defenda que os dois cenários possam coabitar: ou seja, por um lado teremos alguns trabalhos realizados por humanos que poderão ser totalmente substituídos por máquinas, e por outro haverá outros em que a automação será uma ferramenta de complemento ao trabalho realizado por pessoas. Isto aplica-se sobretudo àquelas atividades em que os humanos são insubstituíveis, pelas competências inimitáveis no plano tecnológico que possuem: criatividade e empatia, por exemplo.
IMPACTO VARIÁVEL
O impacto potencial da automação nos empregos varia de acordo com o tipo de ocupação e o setor. As atividades mais suscetíveis à automação incluem as que são físicas e realizadas de forma previsível e sistemática, como operar máquinas e preparar produtos para consumo.
A recolha e o processamento de dados são duas outras categorias de atividades que, cada vez mais, podem ser feitas melhor e mais rapidamente com as máquinas. Isso deverá deslocar grandes quantidades de mão-de-obra – por exemplo, na contabilidade e no processamento de transações de backoffice. É importante referir, no entanto, que mesmo quando algumas tarefas são automatizadas, o emprego nestes trabalhos pode não diminuir, apenas mudar – os trabalhadores poderão ter que realizar novas tarefas.
O QUE A HISTÓRIA NOS ENSINA
Hoje há uma preocupação cada vez maior com a existência de empregos suficientes para os trabalhadores no futuro, dada a implementação crescente da automação. A História sugere que tal receio pode ser infundado: ao longo do tempo, os mercados de trabalho ajustam-se às mudanças, e o efeito do advento da automação na mão de obra humana não escapará à regra. Se a História nos pode servir de alguma maneira de exemplo, poderemos esperar que 8 a 9 por cento da procura de mão-de-obra em 2030 corresponderá a trabalhos completamente novos: tal como hoje, em 2018, já existem inúmeras profissões de que nunca se tinha ouvido falar há 15 anos atrás (por exemplo, consultoria e gestão de carreira).
Os trabalhadores do futuro irão gastar mais tempo em atividades das quais as máquinas são menos capazes, como gerir recursos humanos, criar novas soluções para problemas e comunicar com outras pessoas. Por outro lado, irão gastar menos tempo em atividades físicas repetitivas e no processamento de dados, campos onde as máquinas já excedem o desempenho humano. As competências também irão mudar, exigindo mais proficiência social, emocional e cognitiva.
Fonte: e-konomista.pt, 14/8/2018