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Lúcio Afonso - “Aviários e Agro Pecuária “

in Associados
Created: 06 February 2012

“Devia haver mais união, o comércio não é unido, nem há convívio comercial”

 

laapLúcio Afonso é proprietário da casa “Aviários e Agro Pecuária “ há 32 anos, tantos como sócio da ACIAB. Trabalhou fora de Portugal 28 anos repartidos entre a África do Sul, onde esteve 7 anos e Moçambique onde trabalhou 21 anos. É atualmente Presidente da Assembleia Geral da ACIAB, mas ao longo de todo este tempo ligado à Associação já teve o cargo de Presidente da Direção e foi também membro do Conselho Fiscal. Em conversa com este empresário de ideias claras, descobrimos-lhe o gosto que tem pelo comércio, e a paixão que o envolve quando fala da Associação. Sempre com o intuito de fazer mais e melhor pelo comércio local acredita que a comunicação é crucial, pois é “a falar é que a gente se entende”.

 

Há quanto tempo abriu este estabelecimento?

Tenho este estabelecimento há 32 anos, sempre no mesmo sítio, a trabalhar no mesmo ramo.

 

 

Qual é o segredo para se manter aberto durante todos estes anos?

O segredo é muito trabalho, muito sacrifício, sem esquecer os colaboradores que trabalham comigo pois são eles uma das razões para termos chegado até aqui.

 


Qual a maior dificuldade que o comércio enfrenta, no contexto económico em que Portugal se encontra?

O comércio enfrenta uma grande dificuldade há muito tempo, já não é de agora, tenho impressão que foi a mudança da moeda, do escudo para o euro, que trouxe esta quebra, porque me dá a impressão que o nosso povo não estava preparado para trabalhar com o euro. Mas a crise não é só nossa, a crise é europeia, e desde que a Europa não esteja boa todos nós sofremos, ainda mais um país pequenino como o nosso mais dificuldades passa.

 

 

Há quantos anos se tornou associado da ACIAB?

Sou associado da ACIAB há tantos anos como estou aqui (neste estabelecimento), portanto há 32 anos.

 

 

O que ganha uma empresa ao se tornar associado da ACIAB?

Não devia existir nenhum comércio que fizesse parte de uma associação, logo à partida para ver se o negócio é viável ou não. Acho que deviam fazer-se mais reuniões comerciais, falar mais com o comércio, com a parte patronal para que todos os setores, juntamente com a Associação se pudessem desenvolver mais, juntos têm mais força.

 


A ACIAB leva a cabo inúmeras iniciativas durante o ano - Campanha de Natal, Dia da Mãe, Dia dos Namorados, Feira das Oportunidades, Mês das Flores, entre outras – considera que são fundamentais para a dinamização do comércio local?

Eu concordo plenamente que se façam esse tipo de iniciativas, porque traz muito mais movimento ao comércio. Acho que a ACIAB nisso tem trabalhado e tem-se desenvolvido, é uma das coisas fundamentais que a ACIAB deve continuar a fazer, desenvolver iniciativas deste género.

Uma coisa que fazia falta, de extrema importância é que devia haver mais união, o comércio não é unido, nem há convívio comercial. Em África, onde trabalhei durante alguns anos, o convívio comercial e industrial era enorme, convivíamos no café e durante uma hora todos os dias, e discutíamos tudo, trocávamos impressões comerciais, aqui não há esse hábito o que seria muito benéfico, traria muitas vantagens.

 

 

A ACIAB oferece programas de capacitação profissional realizando periodicamente formação em várias áreas empresariais, na sua visão, em que medida esta formação é importante para o desenvolvimento dos profissionais de comércio de Arcos de Valdevez?

Sim, esta formação é fundamental. Nós infelizmente temos pouca preparação comercial e cada curso que se possa tirar que seja relacionado com o comércio é positivo. A formação é uma das melhores coisas que a ACIAB está a desenvolver, e pode desenvolver-se mais ainda.

 

 

Na sua opinião, quais as qualidades necessárias para ser um empreendedor? Acha que em Arcos de Valdevez há empreendedorismo?

Sim há empreendedorismo, só que há uma coisa, é que nem toda agente pode empreender sem estudar primeiro o mercado, pois há certos setores que não têm desenvolvimento a nível local, esse é o mal, é por vezes a falta de avaliação do mercado. Muitas vezes não se estuda o mercado, logo o negócio vai falhar, neste sentido a ACIAB deve ter um papel fundamental de apoio e aconselhamento.

 

 

É importante conseguir um bom financiamento antes de empreender ou é possível dar os primeiros passos com recursos limitados?

Há 30 anos acredito que fosse mais fácil. Eu cheguei cá com pouco dinheiro e consegui empreender, mas hoje acho que não é possível porque a ajuda financeira dos bancos está a ficar completamente fechada e a falta de financiamento pode ser o impedimento para o crescimento do negócio. Por outro lado, é nas alturas mais conturbadas que surgem boas oportunidades, se for um negócio que não dependa em grande escala de financiamento é possivel empreender.

 

 

Entrevista realizada em outubro de 2008